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Sabia que: nadar depois de comer é perigoso

Esta crença popular do mal-estar após a refeição não é exclusiva da mãe do João. Existe há imenso tempo no imaginário coletivo. Mas então, porquê tanta preocupação?

Ávidos de conhecimento, se está com vontade de saber, siga-nos...

“Não vás para a água depois de comer João!”, a pessoa que nunca ouviu esta frase tão popular que me atire água! O João sabe perfeitamente que não deve ir para a água depois de ter comido e que deve esperar pelo menos uma hora! O João sabe pelo facto de a mãe lhe repetir isto constantemente… Mas o João pergunta-se sempre porque é que a mãe não o deixa dar um mergulhinho depois da refeição. Do que ele percebeu, pode haver o risco de afogamento devido à digestão... Hum, isto não está nada claro!


Digestão e natação

Um grande número de nadadores ainda estão convencidos que dar um mergulho após uma refeição é extremamente perigoso. Seria necessário esperar pelo final da digestão, para não correr o risco de choque térmico.

Duas razões principais são apontadas:
• A primeira preocupação é que durante a digestão, a temperatura corporal aumenta, o que poderia aumentar o risco de choque térmico ao entrar dentro de uma água fresca.
• Em segundo lugar, durante a digestão, o fluxo de sangue oxigenado estaria concentrado no estômago e logo longe dos músculos.

Poderíamos acreditar nisto! No entanto, hoje em dia, vários estudos foram realizados, nomeadamente por especialistas Canadianos e Americanos da Cruz Vermelha:
• Durante a digestão, a temperatura corporal aumenta mas de forma infinitesimal. Ao entrar dentro de água de forma gradual, molhando em primeiro a nuca e o tórax, não correrá nenhum risco.
• Por outro lado, durante a digestão, o volume de sangue oxigenado, mesmo que esteja mais concentrado do que o habitual na zona abdominal, é largamente suficiente para satisfazer as necessidades da atividade muscular dos seus membros.
• Nenhuma correlação entre cãibra, choque térmico, afogamento e digestão pode ser estabelecida.

Por isso não se preocupe! Tem energia suficiente para fazer a digestão e nadar ao mesmo tempo! Até se recomenda frequentemente aos nadadores de alta competição tal como para os bebés nadadores que comam pouco tempo antes de entrar na água.

Se nadar após ter comido não corre perigo de choque térmico, mas pelo contrário se nadar em jejum tenha cuidado com a hipoglicémia!

Choque térmico

O choque térmico é um fenómeno também chamado de hidrocussão. Surge durante um arrefecimento brutal do corpo, quando este entra em contacto com uma água  mais fria do que a sua própria temperatura. O choque térmico provoca a perda de consciência.

O choque térmico  acontece nomeadamente no verão (mas não só), quando os nadadores se precipitam para a água, quer seja no mar, lago, rio ou piscina, sem perder o tempo necessário para que o seu corpo se habitue à diferença súbita de temperatura.

Antes de entrar dentro de água, leve algum tempo a "experimentar" a água e molhe a nuca, o tórax e a cara.

Simplificando, se esteve ao sol ou depois de um esforço intenso, evite em qualquer circunstância mergulhar ou fazer a bomba!

Mas então há risco ou não?

Como referido em cima, o perigo de ter uma indisposição após a refeição na natação não tem qualquer justificação.

Pelo contrário, o risco que pode correr se comer uma feijoada ou uma quantidade enorme de batatas fritas antes de mergulhar, será o de uma sessão de natação bem desconfortável, pelo facto de sentir o estômago bem cheio.

Fora isto, no Verão, fazemos frequentemente refeições nas esplanadas ao ar livre com um sol forte de início de tarde. Por isso tenha calma e não se precipite antes de entrar dentro de água!

Lembre-se também que uma refeição por si só não traz nenhum perigo apenas se não for acompanhada com álcool. O álcool acentua as indisposições e reduz consequentemente os nossos reflexos e capacidade de reação.

Tenha cuidado relativamente ao consumo de líquidos que não sejam água!

Mas então há risco ou não?

Mesmo que nunca seja demais repetir que o elemento aquático é um meio onde cada criança deve estar sempre vigiada, não é razão para lhes contar histórias falsas e fazer da água um meio assustador!

Foi provavelmente desta forma que em 1908 apareceu pela primeira vez este tipo de lenda num manual de “escotismo para rapazes”:

[Tradução PT] “Em primeiro lugar existe o perigo das cãibras. Se tomares banho na hora e meia após a tua refeição, ou seja, antes do final da digestão, terás provavelmente uma cãibra. A cãibra fará sofrer-te de forma extrema. Não poderás mexer os braços e as pernas – e plouf, poderás afogar-te – e a culpa será tua.”

Mesmo para um hipocondríaco, é um pouco extremo, não?

Por isso, em vez de traumatizar o João e até mesmo gerações inteiras de crianças pequenas, se calhar o melhor é começar por lhe ensinar a nadar?

regis

Régis

NADADOR NACIONAL & LÍDER COMUNICAÇÃO

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