A prática da corrida é acompanhada e alimentada cada vez mais massivamente por acessórios tecnológicos para medir os dados essenciais de um treino. Tempo de exercício, distância percorrida, frequência cardíaca, velocidade média: a corrida, versão 2016, não deixa (quase nada) ao acaso…
No espaço de uma década, muitos praticantes de corrida desenvolveram o hábito de treinar com seus telemóveis. Gostaria de manter-se em contacto com os seus entes queridos ou precisa de segurança? Sem dúvida, um pouco das duas coisas. Um estudo recente descobriu que 41% das mulheres e homens que praticam a corrida passaram a levar os seus smartphones consigo.
Ainda mais espetacular: 54% dos praticantes de corrida evoluem com um relógio GPS de pulso, um número que atesta a adoção maciça de um acessório tecnológico relativamente recente e cujas funcionalidades evoluíram consideravelmente nos últimos anos.
Basta debater o assunto com os praticantes de corrida cuja prática desportiva se estende por várias décadas para compreender o progresso alcançado. Segundo Dominique Chauvelier, lenda da maratona francesa e criador do conceito de "lebre": "Antigamente, treinávamos com um simples cronómetro. E também aqui, nem sempre! Nunca esteve em causa a VMA (velocidade aeróbia máxima) nem de FCM (frequência cardíaca máxima)...
Os tempos mudaram. A partir de agora, o praticante de corrida leva consigo, através de um simples relógio GPS, uma ferramenta capaz de fornecer informações sobre múltiplos parâmetros. Mais divertidas e melhor calibradas, as técnicas de treino tornam-se sem dúvida mais "científicas". Mas, acima de tudo, garantem uma evolução mais controlada.
Alguns conselhos:
- Usar a imaginação. A tecnologia permite multiplicar ao infinito, ou quase, o número de sessões de treino. Cuidado, no entanto, para respeitar uma verdadeira progressividade na distância e na intensidade do exercício. Assegurar igualmente o cumprimento das fases de recuperação: durante uma sessão, bem como na alternância essencial entre exercícios sustentados e moderados.
Embora seja uma evidência que nunca é de mais relembrar, é importante respeitar as zonas de esforço programadas quando se usa um relógio cardio.
- Evitar que o relógio GPS assuma o controlo. É preferível seguir escrupulosamente um plano de treino validado em função do seu nível inicial e objetivo. Ou seja, não acumular quilómetros desnecessariamente nem alterar o tempo programado com o único "prazer" de bater recordes no histórico do seu relógio GPS.
O desejo legítimo de medir a realidade de um esforço de forma mais objetiva e de manter um registo para analisar os progressos realizados não deve transformar-se numa obsessão. Correndo o risco, se for o caso, de perder pelo caminho o prazer de correr...
Algumas sugestões:
- Relativizar,quer sejam positivos ou negativos, os dados registados no final de uma sessão de treino. A gestão equilibrada de uma época de corrida (baseada numa melhor aprendizagem da prática desportiva) organiza-se em torno de momentos fortes e fracos. Em termos concretos, existem dias em que as pernas e até mesmo o cardio funcionam melhor do que noutros. Por esse motivo, não se deixe levar pela euforia ou afundar no catastrofismo....
- Realizar pelo menos uma corrida por semana sem um relógio GPS ou qualquer outro acessório eletrónico (leitor de mp3 e smartphone incluídos). Tendo com única ambição a prática da corrida pelas sensações deixando o corpo guiar-se pelo seu ambiente.
Muitos praticantes de corrida garantem não conseguir correr de todo sem o seu leitor mp3. Outros consideram que ouvir música quebra a ligação entre o corpo e o cérebro. No entanto, de acordo com alguns estudos, a noção de esforço é mais tolerável quando um impulso musical define o ritmo. Apenas uma reserva: convém não colocar o volume demasiado alto para poder aperceber-se permanentemente da iminência de um possível perigo...