A primeira noite
Ainda consegue sentir toda a excitação que rodeou essa primeira noite. O dia em que, sentado em frente ao computador, clicou no botão inscrição depois de ler, na descrição da prova, que a partida seria dada à meia-noite em ponto na praça municipal. Sentindo-se tal e qual um guerreiro enfrentando o frio da noite, perigosamente cercado por hienas com os seus olhos amarelos trespassando a obscuridade, de dentes afiados, cortantes como... STOOOOP ! Coloque em pausa o anúncio do filme realizado (por si) em sua homenagem.
A partida foi de facto dada na praça municipal e o mais provável é que não estivesse preparado para o choque. Para a dificuldade. É uma experiência mágica. Do altifalante ouve-se a contagem decrescente e os fumos vermelhos abraçam a noite. Quase todos os habitantes da cidade ficaram acordados para vos ver partir, as crianças ainda não foram para a cama para vos gritarem palavras de encorajamento a partir das janelas dos seus quartos. *Esta passagem é ainda melhor do que o filme que imaginou*. O problema é que nunca pensou no abismo existente entre a euforia de toda esta agitação e a solidão que viria a sentir meia-hora mais tarde, embrenhado na escuridão da noite e tendo, como única aliada, a sua lanterna frontal.