NFT em padrão 3D  nos oculos de uma pessoa

O que são os NFT's? Definição e Decifragem

Metaverso, criptomoeda, NFT... Basta de novos conceitos, o copo está cheio. Do que estamos a falar e para que servem? Vamos tentar esclarecer esta nova tendência de forma resumida.

Como funcionam os nft?

NFT significa "token não fungível". O adjetivo «fungível» é um termo económico que designa um bem ou um ativo que pode ser trocado por qualquer outro bem ou ativo do mesmo valor. Um elemento «não fungível» não pode ser trocado por outro de igual valor.
O dicionário Priberam apresenta a seguinte definição: " Que se gasta ou consome com o uso ou com o primeiro uso. Que pode ser substituído por outro do mesmo género, da mesma qualidade ou quantidade (ex.: bens fungíveis)."

Cripto, token não fungível (ou "non fungible tokens"), token digital... o que é um NFT?

Portanto, um NFT é um ficheiro digital ao qual está associado um certificado de autenticidade digital que o torna único e não intercambiável. Ao adquirir um NFT, o comprador torna-se o único proprietário daquele bem digital: uma pintura, um vídeo, uma fotografia, um meme, um elemento de jogo de vídeo, um filme, etc.
Os NFT são, antes de mais, um método que consiste numa garantia de autenticidade atribuída mediante um certificado cuja segurança provém da tecnologia blockchain (mais abaixo, explicamos melhor este conceito). Esta tecnologia possui já um mercado avaliado em 10 mil milhões de dólares (estimativa) e este pode adequar-se a diversas aplicações. Um NFT garante a propriedade exclusiva de um ativo digital.
Um NFT pode ser comprado por um determinado preço, mas o facto de se tratar de um bem não fungível permite flutuações do seu valor comercial.

Definição NFT - Non Fungible Token

Definição de blockchain

O blockchain é como um «grande ficheiro informático, partilhado, inviolável e indestrutível», descreve o matemático Jean-Paul Delahaye.
Trata-se de uma tecnologia de armazenamento e de transmissão de informações, transparente, segura e sem órgão central de controlo. Tem a particularidade de poder ser partilhada simultaneamente entre todos os seus utilizadores e não depende de nenhum órgão central. Tem ainda a vantagem de ser rápida e segura.

A «proof of work» está diretamente ligada ao processo de mineração: para controlar as trocas efetuadas no seio de um blockchain e assim criar novos blocos, certos nós da rede procuram resolver um enigma criptográfico, utilizando a potência de cálculo do seu equipamento informático.
A «proof of stake» foi portanto criada para compensar as lacunas da «proof of work». Não necessita nem de mineração, nem de mineiros, mas sim de «minters» (ou "ferreiros" em português).

Definição de metaverso

O metaverso é uma rede de ambientes virtuais permanentemente ativos, nos quais várias pessoas podem interagir entre si e com objetos digitais, ao mesmo tempo que exploram representações virtuais - ou avatars - de si mesmas.
O metaverso é um conceito de ficção científica que inúmeros intervenientes do setor tecnológico consideram ser o sucessor da atual internet, no qual universos virtuais 3D imersivos, saídos dos jogos de vídeo, se encontram com as redes sociais, os espaços colaborativos, os mercados e o comércio eletrónico.
O metaverso é portanto uma rede de experiências e aplicações, de aparelhos e produtos, de ferramentas e infraestruturas interconectadas.

Que NFT adquirir?

O que é raro e valioso num mundo caracterizado pela superabundância. Sobretudo numa altura em que o FOMO (Fear Of Missing Out) constitui um elemento-chave dos argumentos de venda. Ao apostarem no que é viral, no drop (lançamento de produtos em edição limitada), e nos NFT, novos atores encontraram uma receita para o sucesso que assenta na exclusividade dos produtos, no acesso limitado aos mesmos (frequentemente através de pré-registos), na temporariedade, em colaborações potentes e experiências gamificadas. Um NFT pode também permitir o acesso a uma espécie de clube, «NFT only», formando assim, uma comunidade de adeptos. Através de servidores Discord, certos artistas cultivam depois uma ligação com a sua comunidade de colecionadores.

Por exemplo, «Les Collectionneurs» é um grupo francófono criado em 2020, que congrega curiosos, especialistas, artistas e apaixonados pelo NFT e pelas coleções. Para efeitos de fidelização, certos atores/criadores consideram que as pessoas que já possuem um NFT e que pretendem iniciar uma coleção devem ter acesso a séries. Trata-se de um tipo de incentivo sistemático que recompensa o estatuto de micro-influenciador e que transforma, assim, os colecionadores em verdadeiros embaixadores junto dos seus próximos.

Ao apostarem no que é viral, no drop (lançamento de produtos em edição limitada), e nos NFT, novos atores encontraram uma receita para o sucesso que assenta na exclusividade dos produtos, no acesso limitado aos mesmos (frequentemente através de pré-registos), na temporariedade, em colaborações potentes e experiências gamificadas.

Telemovel a mostrar Marketplace de NFT

Um tweet, em "linguagem nft", pode ser arte

Isto é bem verdade quando falamos de qualquer forma de arte, conforme podemos ver neste exemplo. O cofundador do Twitter, Jack Dorsey, vendeu a imagem do seu primeiro tweet «just setting up my twttr» (estou a criar a minha conta Twitter), publicado a 21 de março de 2009, como NFT por mais de 2,9 milhões de dólares.
Uma extraordinária margem para uma frase sem pontuação nem maiúscula…

O futebol e os NFT- o exemplo Sorare

Em França, o Sorare, com um valor estimado em 4,3 mil milhões de dólares, é responsável por uma impressionante mobilização de fundos (a última foi de 650 milhões de euros) graças ao SO5: um jogo de cartões digitais de jogadores de futebol. O preço dos cartões pode chegar às várias centenas de milhares de euros, em função da sua raridade e do jogador. O poder de cada cartão depende do valor do jogador que representa, como acontecia com os cartões Panini da nossa infância, mas (muito) mais elaborado e remunerador. Para conseguir um desempenho verdadeiramente real, o Sorare colabora com um fornecedor de dados futebolísticos. O nível de raridade dos cartões Sorare é um dos atrativos do jogo e constitui a base de funcionamento deste jogo virtual de futebol.

E se a Decathlon vendesse as suas coleções em formato NFT? - o caso RTFKT

Ao adquirir a startup RTFKT especializada em NFT de sapatilhas virtuais, a Nike faz a sua entrada no mundo da Digital Fashion. Com efeito, as vendas de bens digitais agitam o mundo da arte e a tendência infiltra-se também na moda: espera-se que a explosão da Digital Fashion, fabrico de vestuário virtual em formato NFT, atinja os 20 mil milhões de dólares até 2022.

O metaverso permite encarnar o NFT no ponto em que é apenas uma montagem de pixels. Cada vestuário virtual «skin» ou acessório pode tornar-se uma peça colecionável para vestir um avatar e conferir-lhe um certo estatuto social (mas a moda de rua e a influência das comunidades não são um fenómeno novo).

O NFT útil, além de poder ser trocado, visto, admirado e exibido, tem também as suas próprias funções, e as experiências do utilizador, que se desenvolvem em redor, tornam-se cada vez mais elaboradas e variadas. Pode ter utilidade em, digamos, vários metaversos, conforme proposta da Underarmour com o seu calçado Genesis Curry Flow. O NFT útil pode também permitir o seu equivalente físico, como acontece com as garrafas de espumante Dom Perignon. Graças às suas características de raridade, exclusividade, atratividade, rastreabilidade, o NFT tem atraído cada vez mais empresas (vinho, luxo, fotografia, imobiliário…).

A sua utilidade começa também a tomar forma na indústria, nomeadamente em termos de enriquecimento de experiências diversas, seja através de uma participação de fã para os colecionadores, seja através de acesso exclusivo a eventos de moda VIP para proprietários de NFT. Os NFT criam também oportunidades de recolha de fundos para as organizações de solidariedade social. Por exemplo, o artista digital Beeple vendeu em leilão uma das peças da famosa coleção "Everydays", com o nome "Ocean Front", tendo doado 6 milhões de dólares americanos à Open Earth Foundation para a luta contra as alterações climáticas.

Boneco em leilão de NFT

Preços que parecem de loucos (e que o são de facto)

Ainda há pouco tempo era impossível imaginar que se poderia vender em linha qualquer coisa como o primeiro tweet de sempre (2,9 milhões de dólares), um gif de gato (560 000 dólares para o Nyan Cat) ou um JPEG (69 milhões de dólares para o Beeple).

Hoje em dia, os particulares, as empresas (incluindo os media) ou as organizações culturais podem retirar daí algum rendimento, na condição de serem o proprietário legítimo. O valor (especulativo) do virtual ultrapassa mesmo largamente o dos objetos reais. Foram as tecnologias blockchain e os seus tokens que permitiram obter as condições para o aparecimento de um novo mercado. Com o tempo, a modificação atingirá toda a cadeia de valor da criação. Os criadores e criadoras, os seus representantes, os intermediários da produção e os promotores podem contar com a fiabilidade de uma tecnologia para promover a confiança e a transparência das relações contratuais, mas também a especulação. Para Grant LaFontaine, o co-fundador do unicórnio Whatnot, uma plataforma de liveshopping, a próxima etapa será apostar nos NFT. Os vendedores poderão assim importar os seus NFT para a plataforma, para vendê-los em leilão!

Distopia ou oportunidade? Qual o futuro dos NFT?

As boas intenções que estiveram na origem dos NFT foram varridas pela febre especulativa e pela ausência de regulamentação. Tal como Elon Musk e o seu famoso «os NFT são dólares em jpeg», os descrentes já não se contentam com gozar com aqueles que acreditam em fotos de símios de banda desenhada que valem centenas de milhares de dólares. Têm surgido movimentos a criticar o fenómeno NFT nas redes sociais, incluindo o reddit, twitter…

O impacto ambiental
Em pleno aquecimento global, para que serve simular um mundo melhor no espaço virtual se, simultaneamente, o mesmo destrói o mundo real?
As preocupações ambientais levam os utilizadores das tecnologias blockchain, crypto e NFT a procurar soluções para tornar este modelo menos exigente em termos energéticos.

Roubos e fraudes
O mercado dos NFT está repleto de burlas e roubos de obras de arte. Inúmeros artistas têm referido no Twitter que algumas das suas criações foram roubadas e vendidas em plataformas de venda sem o seu conhecimento ou autorização. Além disso, a febre que envolve estes tokens atrai cada vez mais burlões, que se aproveitam da ausência de regulamentação do setor. Pirateiam carteiras de proprietários ou simplesmente vendem produtos que não existem.

Valor especulativo
As pessoas que adquiriram NFT devem continuar a incentivar outras pessoas e comprar. Caso contrário, o percurso que já fizeram acaba por desmoronar-se. Algumas pessoas são da opinião que bloquear utilizadores de NFT tornaria o Twitter mais agradável. A volatilidade dos preços das criptomoedas que servem de base ao mercado dos NFT é também um problema significativo: Os preços dos NFT têm tendência a evoluir juntamente com os preços das criptomoedas. O desmoronamento dos mercados dos NFT é uma possibilidade real?

E se o universo dos NFT fosse o derradeiro revelador de uma sociedade de aparências e de especulação?

Uma história de tokens e de ativos fungíveis que lembra a expansão dos bitcoin (que ainda hoje não sabemos muito bem até que ponto é boa ideia a sua aquisição). Será possível imaginar, no futuro, a compra de clubes de futebol em NFT? Ou, mais simplesmente, de equipamentos de desporto? 

Autora do Artigo

Bérangère

#TeamDecathlon

Este artigo foi redigido com a Decathlon Perspectives, a entidade de vigilância prospetiva que atua no seio da Decathlon. Agradecemos a toda a equipa pela ajuda prestada!

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boneco em leilão de NFT

As NFT: qual o seu impacto para o ambiente?

É provável que tenhas acompanhado: grandes marcas estão a lançar as suas primeiras NFT. Estamos a falar de quê? Qual a relação com o ambiente? Explicamos-te tudo