Nem sempre é fácil desfazer algumas ideias feitas! Por desconhecimento, ou simplesmente porque lhes convém - as pessoas (homens e mulheres) que não correm chegam por vezes a diabolizar a prática da corrida. Poderá neste caso ser útil enumerar dez argumentos que não podem ser rebatidos.
É o principal argumento, aquele que convence ou deveria convencer os mais céticos. Ao desenvolver a sua endurance, o praticante de corrida melhora por vezes de forma espetacular a sua saúde cardiovascular e reduz o risco de desenvolver a maior parte das doenças cancerígenas, de acordo com um estudo realizado em 1,5 milhões de homens e mulheres e cujos resultados foram recentemente publicados na revista JAMA Internal Medicine. Viver mais tempo e com melhor saúde: é esse o presente de todos os praticantes de corrida!
Não, a corrida não é uma atividade aborrecida. Pelo contrário. Seja meditando ou concentrando-se no seu esforço, seja absorvendo o ambiente em seu redor ou penetrando nos meandros da sua existência, o praticante de corrida viaja ao mais profundo de si mesmo. E cria as condições para uma maior paz interior.
Sem que disso tenham forçosamente consciência, os praticantes de corrida acabam por alterar a maioria dos seus comportamentos. Passam a utilizar menos vezes o carro (se o tiverem!), alimentam-se de forma mais equilibrada e estabelecem uma nova relação com o mundo. Talvez por dormirem melhor, talvez por se sentirem mais tranquilos, talvez por estarem mais equilibrados…
É evidente que existem riscos. Com a corrida, os ossos, assim como os músculos e tendões, são sujeitos a impactos e tensões. Mas a corrida regular (e durante décadas) não significa forçosamente a ocorrência de lesões. Sobretudo se forem respeitadas certas regras fundamentais: boa qualidade do calçado, aumento gradual do número de quilómetros, respeito das fases de recuperação e atenção aos sinais do próprio organismo.
A prática regular de corrida elimina barreiras. Barreiras físicas e sobretudo barreiras mentais. Quantas feridas psicológicas desaparecem ao correr? Quantas equações aparentemente insolúveis são resolvidas ao correr? Quantos complexos de inferioridade são vencidos ao correr?
Não precisa de ser um maratonista. Também não precisa de participar em competições. O desejo de superação nem sempre é uma questão de performance. Não raramente encontra-se noutro lado: na duração das sessões de treino, na capacidade de correr em qualquer condição atmosférica, na necessidade de fugir à rotina do dia a dia.
O esforço é individual mas o desporto é coletivo: é assim que podemos resumir a forma como cada vez mais praticantes de todos os níveis se dedicam a este desporto. No cerne desse esforço, são criadas ligações únicas que englobam todos os grupos sociais ou culturais.
Nem pensar em culpabilizar a necessidade de correr. E, não!, correr não é uma droga. Ninguém deveria sentir vergonha (ou ver-lhe apontado o dedo) pelo seu desejo de viajar sobre as próprias pernas. A menos que o corpo, tal como a mente, reclame um período de repouso. Quanto ao resto…
Os corredores sabem-no e deveriam dizê-lo com mais convicção: regra geral, basta uma caminhada de 10 km para reencontrar (se não for o sorriso) uma boa dose de otimismo. Sem nunca passar pela farmácia!
Que quem tem dúvidas dedique algum do seu tempo a correr. Que aceite descobrir este gesto simples e contudo misterioso sem preconceitos. Que aceite a noção de esforço para, em seguida, receber a recompensa. Sim, correr é, antes de mais, um prazer!