Opõe-se frequentemente a corrida em estrada à corrida na natureza ou trail. Se é verdade que cada prática tem as suas especificidades, também têm vários pontos em comum. Eis boas razões para explorar todos os pisos ao correr!
São raros os principiantes de corrida que escolhem o trail desde o início. A aprendizagem do básico da corrida faz-se geralmente nas estradas e caminhos de asfalto estáveis. O desenvolvimento das qualidades de resistência ou melhoria da passada, são bases que devem ser trabalhadas num piso pouco acidentado.
Todos conhecem a enorme diversidade de provas cronometradas em estrada ao longo de todo o ano. Provas de 10km ou meias-maratonas, ultra-maratonas, corridas reservadas às mulheres ou a adeptos de caminhada: são milhares os portugueses que praticam corrida, e um número cada vez maior desta população ousa passar à corrida em competição. As provas de 10km e as meias-maratonas são as distâncias mais populares.
O trail é uma prática plena. Vontade de se afastar dos destinos mais visitados, desejo de ultrapassar constantemente os seus limites, visitando paisagens únicas: uma filosofia de liberdade e respeito pelo ambiente, integrada na corrida na natureza.
Mas o trail running, ao contrário do que pensam os que nunca o praticaram, não é assim tão simples. Requer material específico, que permita especificamente uma autonomia de várias horas (calçado adequado à natureza do piso, vestuário para proteger-se de eventuais intempéries, telemóvel, provisões...).
Tal como na corrida tradicional no asfalto ou em caminhos sinalizados, a prática do trail deve avançar respeitando uma verdadeira evolução. Tempo total de esforço e dificuldades dos percursos: nunca se devem esquecer etapas. Pois isso implica correr o risco de passar por experiências particularmente desagradáveis e até mesmo perigosas.
As pontes entre as duas modalidades são cada vez mais numerosas. É lógico, ao mesmo tempo saudável, que os praticantes visitem os locais em função dos seus desejos ou oportunidades.
Do lado dos adeptos tradicionais da estrada – ou seja, os praticantes de maratona –, o desvio para o trail é uma forma de se “oxigenarem”, de saírem do modelo de um treino frequentemente milimétrico e ganharem em força (sobretudo quando existe um desnível positivo significativo).
Do lado dos praticantes de trail, a estrada permanece um piso favorável a um trabalho de séries (a famosa preparação física específica) e/ou fracionado (particularmente em pista).
De notar que a estrada é imposta aos praticantes de trail durante as provas organizadas em centros urbanos. Várias cidades propõem agora variações de trails urbanos.
Não há disputa possível entre as duas variações de corrida. Quer sejamos adeptos do asfalto ou do trail, o gesto e a natureza do esforço permanecem fundamentalmente idênticos, ter prazer em correr!